Em contraponto ao tradicional modelo de marketing, uma nova proposta mais humanizada ressurgiu: a desmarketização.
Por muito tempo, o marketing tradicional, marcado pelo exagero de publicidades, conexão entre marcas e público sem muita criatividade e com um excesso de gatilhos de escassez, era uma estratégia que funcionava.
Aos poucos, os consumidores começaram a se cansar de serem bombardeados por tantas propagandas, mas este modelo continuou a ser replicado em todas as plataformas. Com a ajuda dos algoritmos e da inteligência artificial, parece que a quantidade de anúncios se tornou ainda maior.
O que é “desmarketização”?
Esse movimento ganhou espaço no Brasil com a publicação do livro “Desmarketize-se”, de João Branco , pela Editora Gente. Branco, que anteriormente ocupou o cargo de CMO no McDonald’s, experimentou diretamente essa mudança de mentalidade, especialmente ao perceber que as estratégias tradicionais de campanha da lanchonete não captavam o interesse das novas gerações.
Dessa forma, a ideia de desmarketização tem como principal objetivo desenvolver uma estratégia de marketing tão eficiente que nem parece marketing. Isso só é possível a partir da construção de marcas autênticas, com valores estruturados, propósitos claros e que saibam ouvir e aprender com seus clientes.
Além disso, este conceito entende que o valor de uma marca também está no relacionamento que ela estabelece com seus consumidores, por isso é preciso se posicionar de maneira mais humanizada e abrir espaço para que os clientes contribuam com a melhoria e o desenvolvimento dos produtos e serviços.
Isso significa que a era das “marcas perfeitas” está se encerrando. Agora, o público valoriza, se identifica e se conecta mais com aquelas que demonstram vulnerabilidade. Eles querem ver os valores das empresas sendo colocados em prática, um contato mais próximo e personalizado entre marca e consumidor e desejam se sentir incluídos, respeitados e considerados.
O papel dos influenciadores na desmarketização
As pessoas físicas, como os influenciadores digitais, são consideradas os principais vetores da desmarketização. Elas sabem desenvolver publicidades autênticas, que “nem parecem marketing”, para conectar a marca com a sociedade.
Conforme revelado por uma pesquisa da Opinion Box, 75% dos entrevistados afirmaram ter efetuado uma compra após receberem a recomendação de um influenciador nas redes sociais. Esse dado destaca o crescimento exponencial desse mercado. Atualmente, estima-se que existam cerca de 500 mil influenciadores digitais no Brasil, e se considerarmos aqueles com menos de 2 dígitos, esse número pode alcançar até 10 milhões.
Desse modo, é importante que as empresas abandonem a ideia do marketing tradicional e direcionem cada vez mais recursos para estabelecer relacionamentos autênticos, inclusivos, criativos e inteligentes com seus públicos. Elas precisam entender a diferença que fazem na vida de seus consumidores e desconsiderar as fórmulas prontas e os modelos tradicionais de se fazer marketing, sem tratar seus clientes como uma massa uniforme.