Com um número crescente de empresas priorizando habilidades em vez da formação técnica, fica evidente que a preocupação com as soft skills, ou ainda mais recente o termo “power skills”, só aumenta.
Essa nova forma de se referir a soft skills que na tradução livre seria “habilidades leves” se deve ao fato de que não são habilidades fáceis de alcançar, e dada a sua crescente importância, até a maneira de se referir mudou nos últimos tempos. Como disse Jamie Dimon, que foi presidente e diretor executivo do JPMorgan Chase, um dos principais bancos americanos: “O futuro do trabalho é sobre habilidades, e não somente diplomas”.
Essas habilidades demonstram como os profissionais conseguem gerir suas emoções e lidar com questões inerentes ao meio corporativo, como pressão, cobranças, prazos, relacionamentos com pessoas diferentes e a própria condição de estar em constante aprendizado para acompanhar as transformações.
O conhecido relatório do Fórum Econômico Mundial, The Future of Jobs, apontou as habilidades que são fundamentais para os profissionais adquirem até 2025. Entre elas estão:
- Pensamento analítico e inovação
- Solução de problemas complexos
- Análise e pensamento crítico
- Criatividade, originalidade e iniciativa
- Argumentação, solução de problemas e ideação
- Aprendizado ativo e estratégias de aprendizagem
- Resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade
Muitas dessas habilidades estão relacionadas ao conceito de inteligência emocional. Mas afinal do que se trata?
Esse termo foi bastante difundido pelo considerado “pai da inteligência emocional”, o psicólogo e jornalista Daniel Goleman que escreveu um livro sobre o tema em 1995. A partir de então vem sido trabalhado amplamente e sua importância no mercado de trabalho só cresce.
Para o autor, inteligência emocional é a capacidade de identificar os próprios sentimentos e os dos outros, de conhecer e gerir as emoções, e a partir disso tomar decisões.
Goleman categoriza a inteligência emocional em cinco habilidades:
- autoconhecimento: reconhecer as próprias emoções e sentimentos quando eles ocorrem;
- controle emocional: adequar os sentimentos a cada situação vivida;
- automotivação: dirigir as emoções a serviço de uma realização pessoal;
- reconhecimento de emoções em outras pessoas: saber o que o outro está sentindo e ter empatia;
- habilidade em relacionamentos interpessoais: interação de qualidade com outros indivíduos por meio de competências sociais.
Ou seja, pessoas que apresentam alto índice de inteligência emocional conseguem tomar decisões e resolvem problemas com mais tranquilidade, mantêm a calma sob pressão, resolvem conflitos com mais facilidade, têm mais empatia, ouvem, refletem e respondem às críticas construtivas com mais clareza.
Hoje em dia não é mais possível considerar um bom profissional sem que ele apresente um alto nível de inteligência emocional. Por meio dela, é possível contornar situações problemáticas, motivar-se a buscar os objetivos e também agrega à construção de um ambiente positivo.
Entre várias vantagens do desenvolvimento da inteligência emocional encontra-se o autocontrole que possibilita agir com equilíbrio e maturidade frente aos desafios, permite a tolerância perante frustrações, bem como o controle dos estímulos e o constante gerenciamento das emoções.
Ter um controle sobre o fluxo das emoções e a capacidade de refrear impulsos é considerada uma característica essencial para conseguir ser bem-sucedido e ter um bom relacionamento interpessoal com os colegas de trabalho, tornando o ambiente propício para o desenvolvimento das atividades com excelência e para o crescimento de todos de uma forma geral. Dessa maneira, esse controle das emoções no trabalho aparece como diferencial na carreira e na produtividade do profissional.
Esse fato é comprovado em pesquisas como a da Talent Smart que afirmou que 90% dos trabalhadores com alta performance no ambiente profissional possuem a inteligência emocional bem desenvolvida, enquanto 80% dos que performam menos têm o Quociente Emocional mais baixo. Assim como um estudo conduzido pela Johnson & Johnson revelou que os profissionais com melhor desempenho também tinham os níveis mais altos de inteligência emocional.
Atualmente, esse equilíbrio emocional é ainda mais destacado, por conta do home office e todas as questões que ele acarreta. Estabilizar a vida pessoal e profissional, saber conduzir e diferenciar as situações do trabalho com as tarefas da casa, e cuidar da saúde emocional ficaram mais desafiadoras e evidentes na pandemia. Sendo assim, desenvolver a inteligência emocional se torna ainda mais relevante.
A boa notícia é que é realmente possível desenvolver esse tipo de inteligência. Segundo Daniel Goleman: “Ao contrário do QI, que pouco se modifica depois dos nossos anos de adolescência, tudo indica que a inteligência emocional pode ser, em grande parte, aprendida e continuar a se desenvolver no transcorrer da vida, com as experiências que acumulamos. Nossa competência em relação à inteligência emocional cresce continuamente”.
Alguns passos podem ser feitos para que haja esse desenvolvimento da inteligência emocional. Quer saber quais? Veja abaixo:
1. Reconheça suas emoções
Tenha consciência sobre o que você sente quando as emoções vêm à tona. Foque em perceber como se sente, analise as reações, permita-se analisar profundamente o que está sentindo perante as situações.
2. Controle suas emoções
Muitas vezes não é possível controlar o que sente, mas é possível controlar como reagir a ela. É importante evitar reagir imediatamente ou decidir de forma impulsiva. Portanto, saber se afastar, refletir, digerir e enxergar a situação com maior clareza possibilita uma decisão mais racional e menos radical.
Principalmente no caso de discussões entre a equipe ou com clientes, por exemplo, esse afastamento pode ser crucial para a resolução do problema pacificamente e sem prejudicar sua carreira por uma ação da qual você se arrependerá depois.
3. Automotivação
Não são todos os dias que você estará com vontade de fazer determinadas atividades e muito animado com o trabalho, mas sabemos que a disciplina e a capacidade dirigir e comandar as emoções a fim de se atingir um objetivo específico são necessárias para conseguir cumprir o que precisa ser feito. Essa automotivação, que está muito ligada ao autoconhecimento, é uma das características das pessoas que apresentam inteligência emocional.
4. Empatia
Saber reconhecer as emoções das outras pessoas pode contribuir para situações cotidianas e melhorar as relações interpessoais. Observar como as pessoas agem, reagem, o que importa para elas facilita a maneira de se comunicar e estreitar laços.
A inteligência emocional pode ser conquistada com muito treino, foco, paciência e estudo. Mas estar sempre em busca de sua evolução exige trabalho, porém é fundamental.
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