Acompanhar as tendências globais de recrutamento tornou-se hoje quase uma questão de sobrevivência para um executivo de recursos humanos que queira trazer alta performance a sua operação de aquisição de talentos. Isso porque as mudanças que antes demoravam décadas hoje acontecem em poucos anos.
E foi pensando nisso que fizemos uma análise crítica do relatório “Global Recruiting Trends 2018“, publicado pelo LinkedIn, que teve origem em mais de 9 mil entrevistas com recrutadores e gestores de recrutamento para entender quais os tópicos que mais estão impactando a forma de contratar profissionais. Saiba mais neste artigo sobre cada uma das 4 tendências globais identificadas:
1 – A diversidade de talentos
2- Novos métodos de entrevista
3 – Big data
4 – Inteligência artificial
1 – Diversidade de talentos: o novo mindset global
Segundo a opinião dos entrevistados, a diversidade é uma questão cada vez mais valorizada pelas empresas, e uma das maiores tendências de recrutamento em 2018, começando a ter inclusive influência direta na cultura e até no resultado financeiro das organizações. Para 78% dos recrutadores e gestores globais, a diversidade é uma das tendências que mais tem impactado o processo de seleção e contratação de profissionais na atualidade.
- 78% das empresas afirmam que priorizam a diversidade na contratação como uma forma de ressaltar a cultura da organização;
- 62% acreditam que a diversidade no recrutamento ajuda a melhorar os resultados financeiros;
- 49% dizem que a diversidade na contratação é importante como uma forma de melhor representar os clientes.
Mas o que exatamente quer dizer diversidade no recrutamento?
Essa questão pode ter um significado diferente de acordo com a região e o mercado. As áreas em que as empresas mais focam quando se trata de diversidade na contratação, segundo o estudo do LinkedIn, são:
- Gênero – 71%
- Raça/etnia – 49%
- Idade/ Geração – 48%
- Nível educacional – 43%
- Deficiências – 32%
- Religião – 19%
- Outros – 6%
Como alcançar a diversidade no seu recrutamento?
O relatório aponta que o problema pode estar no fato de que muitas empresas não levam a diversidade em consideração em suas culturas internas. Assim, mesmo que os recrutadores tenham acesso a profissionais diversos, eles têm dificuldade em reconhecer o talento. Segundo a pesquisa:
- 38% das empresas dizem que o maior desafio para alcançar diversidade no recrutamento é conseguir encontrar candidatos diversificados;
- 27% afirmam que têm dificuldade em manter esse grupo de profissionais diversos.
E ainda, mesmo quando a companhia consegue contratar colaboradores diversos, se a cultura não abranger a diversidade, eles terão dificuldade em se adaptar ao ambiente da organização. Nesse sentido, a pesquisa aponta as principais formas pelas quais as empresas procuraram desenvolver a diversidade internamente:
- 67% adotam um ambiente favorável a opiniões diversas.
- 47% têm líderes que reforçam a importância da diversidade.
- 51% encorajam as pessoas a serem elas mesmas no trabalho.
- 45% incluem a diversidade na missão e nos valores da empresa.
- 44% enfatizam a diversidade do time de líderes.
- Na hora de mostrar aos candidatos que elas valorizam a diversidade, a maioria das organizações entrevistadas (52%) disse que procura exibir profissionais diversos em seus materiais de recrutamento.
2 – Novos métodos de entrevista
56% dos recrutadores e gestores globais apontam que novos métodos de entrevista se destacam como uma das tendências que mais tem impactado o processo de seleção e contratação de profissionais na atualidade. E como as entrevistas ainda são parte fundamental do processo de recrutamento, eis aqui uma outra tendência bastante contundente em 2018.
Nesse sentido a maioria dos participantes da pesquisa do LinkedIn disse que utiliza algum tipo de método diferenciado de entrevista, com destaque para os seguintes modelos:
- Softwares online que fazem a avaliação das soft skills dos candidatos (59%);
- Audição, em que o candidato realiza um trabalho real e é avaliado por isso (54%);
- Entrevistas informais, geralmente realizadas em um almoço ou café (53%);
- Simulações em realidade virtual para testar as habilidades (28%);
- Entrevistas em vídeo – ao vivo ou gravadas (18%);
No entanto, o relatório mostra que os recrutadores e gestores percebem que alguns destes métodos não são tão eficazes na hora de analisar habilidades interpessoais e pontos fracos dos candidatos. Basicamente, os participantes do estudo indicam que é difícil fazer a avaliação desses fatores.
Pontos mais difíceis de se avaliar, segundo a pesquisa do LinkedIn:
- Avaliação das habilidades interpessoais do candidato (63%);
- Identificação dos pontos fracos do candidato (57%);
- Inclinações/vícios do candidato (42%);
- Processo muito longo (36%);
- Não saber quais perguntas fazer (18%).
3 – O poder dos dados
Aquisição de talentos é um trabalho focado em áreas Humanas, mas cada vez mais os números têm feito parte fundamental no processo de seleção de contratação de profissionais. Com a evolução de ferramentas que ajudam a organizar e a analisar uma imensa quantidade de dados, gráficos e estatísticas também contam na hora de avaliar o candidato na atualidade. Nesse sentido, segundo a pesquisa:
- 50% dos recrutadores e gestores globais afirmam que a expansão da tecnologia de Big Data é uma das tendências que mais tem impactado o processo de seleção e contratação de profissionais na atualidade.
- No Brasil, esse índice é de 59%.
No estudo do LinkedIn:
- 64% dos recrutadores e gestores entrevistados já utilizaram dados no processo de recrutamento;
- 79% afirmam que pretendem utilizar dados para selecionar os melhores candidatos nos próximos dois anos.
A forma como os dados estão sendo utilizados no processo de recrutamento está focada em identificar problemas e, assim, resolvê-los. As principais aplicações de big data na aquisição de talentos, de acordo com o levantamento, são:
- Aumentar a taxa de retenção (56%);
- Identificar os principais gaps de habilidades (50%);
- Desenvolver melhores ofertas (50%);
- Entender o que os candidatos querem (46%);
- Fazer planejamento da força de trabalho (41%);
- Prever o sucesso do candidato (39%);
- Avaliar a oferta e a procura de talentos (38%);
- Comparar métricas de talento com os competidores (31%);
- Prever demandas de contratação (29%).
Desafios do big data
Os dados podem ajudar os recrutadores a fazer escolhas mais assertivas. Mas apesar de essa ser uma tendência cada vez mais importante, ela ainda está em desenvolvimento e, para que possa se expandir em diferentes mercados, precisa superar alguns desafios.
- A pesquisa realizada pelo LinkedIn aponta que a principal barreira para a utilização de big data no recrutamento é a baixa qualidade das informações coletadas – 42% dos respondentes indicaram essa questão.
- Outros desafios citados foram: a falta de ferramentas específicas para esse trabalho (20%) e o alto custo das ferramentas existentes (18%).
- E ainda, 14% apontaram que não têm certeza sobre como utilizar esses dados.
4 – Inteligência artificial.
Inteligência artificial (IA) é a força por trás de grandes revoluções tecnológicas – desde buscadores na web, chatbots até carros autônomos, e é a tendência que promete facilitar a vida dos recrutadores, fazendo tarefas como: ler currículos, selecionar candidatos e responder automaticamente os profissionais.O estudo do LinkedIn mostra que a IA está prestes a revolucionar também o trabalho de aquisição de talentos, construindo a nova geração do recrutamento. Segundo os entrevistados:
- 35% dos recrutadores e gestores globais apontam que a inteligência artificial é uma das tendências que mais tem impactado o processo de seleção e contratação de profissionais na atualidade. No Brasil, esse índice é de 37%.
- 76% dos participantes da pesquisa acreditam que a IA deve transformar ou, pelo menos, impactar de certa forma o processo de recrutamento e seleção.
Confira algumas das principais aplicações da IA apontadas no relatório do LinkedIn:
- Abastecimento de candidatos (58%);
- Triagem de candidatos (56%);
- Orientação de candidatos (55%);
- Agendamento de atividades com candidatos (42%);
- Engajamento com candidatos (24%);
- Entrevista com candidatos (6%).
A importância do fator humano no recrutamento
É importante dizer que o crescimento no uso de inteligência artificial no processo de recrutamento não significa que robôs irão tomar o lugar dos profissionais dessa área. Apenas 14% dos recrutadores e gestores entrevistados pelo LinkedIn disseram estar preocupados com isso. Como a IA ajuda a automatizar e agilizar tarefas operacionais, essa tecnologia, deve, sim, ajudar os profissionais de recrutamento a concentrarem seus esforços em questões mais estratégicas, aumentando a eficiência do processo.
Nesse sentido, existem algumas áreas do trabalho de aquisição de talentos que devem continuar por muito tempo nas mãos de “humanos”. Segundo o relatório do Linkedin, essas são as principais habilidades e tarefas que certamente não serão substituídas por máquinas:
- Construção de relacionamento com os candidatos.
- Análise dos potenciais do candidato que vão além do currículo.
- Parecer sobre a adequação do candidato à cultura da empresa.
- Mensuração das habilidades interpessoais do candidato.
- Negociação de ofertas com o candidato.
Queremos saber:
- Você já percebe na prática alguma dessas tendências globais de recrutamento acontecendo em seu mercado?
- Além das questões citadas, quais são as outras mudanças que você acredita que estão impactando o processo de contratação de profissionais na atualidade?
- Qual é o seu grande desafio nesse sentido?
Sabemos que nem todas as tendências chegam a todos os mercados e regiões de maneira igual. Mas entender as principais movimentações globais vai ajudá-lo a se preparar e planejar as mudanças necessárias. Esperamos que essas informações ajudem sua empresa a acompanhar a evolução na área de recrutamento e, assim, conseguir atrair os profissionais mais capacitados – também alinhados às tendências atuais. Mais informações em: Global Recruiting Trends 2018.