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O momento é de repensar o significado do trabalho na vida das pessoas e seu formato ideal. Desde que a pandemia trouxe mudanças sem precedentes, a perspectiva em relação ao trabalho vem se transformando e a discussão do momento está voltada para a jornada semanal de quatro dias.
Uma vez que números alarmantes de doenças mentais, estresse, depressão, ansiedade e burnout aumentaram no mundo todo, muito devido a grande carga de trabalho nos home offices e até mesmo pelo fato do isolamento social durante as quarentenas, o assunto está em voga e cada vez mais aceito nas empresas no mundo todo.
A flexibilidade é a palavra da vez e a semana com quatro dias de trabalho está inteiramente ligada a isso. Alguns resultados preliminares indicam possíveis benefícios, porém há muito a se discutir, especialmente no Brasil.
Levando em consideração que a jornada de trabalho de cinco dias foi implementada em 1926, na Ford Motor Company, quando Henry Ford ousou diminuir de seis para cinco dias trabalhados na semana e confirmou um aumento de produtividade, há de se avaliar que um modelo imposto há quase 100 anos possa demandar mudanças e ainda apresentar mais efetividade.
Algumas empresas distribuídas em diversos países já abandonaram a jornada semanal de 40 horas semanais. Entre 2015 e 2019, a Islândia testou, com 2.500 trabalhadores e trabalhadoras a jornada de 36 horas e concluíram que o bem-estar dos colaboradores melhorou significativamente e os processos de trabalho foram otimizados, com isso sindicatos e associações começaram a negociar a diminuição permanente da jornada de trabalho e, atualmente, cerca de 86% dos trabalhadores islandeses têm direito a uma semana de quatro dias.
Outros países como Suécia, Finlândia, Bélgica, Espanha também estão em fases de testes em muitas organizações. Como exemplo também têm a Microsoft na Nova Zelândia e a Panasonic no Japão. Pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, estão comandando um grande estudo sobre uma jornada de trabalho de quatro dias na semana, e de acordo com os cientistas, mais de 30 empresas irão testar um modelo de menos horas semanais a partir do próximo semestre para avaliação de produtividade e satisfação dos colaboradores.
O formato em todos esses países é semelhante: uma parte dos colaboradores trabalha de segunda à quinta-feira, enquanto a outra cumpre a jornada de terça à sexta-feira. Dessa maneira, as empresas continuam seu funcionamento nos cinco dias da semana, sem comprometer a atuação com os clientes.
Como a semana de quatro dias pode beneficiar as empresas
A finalidade de adaptar a jornada de trabalho é proporcionar mais qualidade de vida, aumentando assim a produtividade, o engajamento, a gratidão com a empresa e a satisfação pelo trabalho. Com mais tempo para o colaborador se dedicar a hobbies, a momentos com a família e ao lazer, seu bem-estar e saúde mental podem melhorar e isso impactar diretamente em seus resultados profissionais.
A redução do absenteísmo também pode ser citada como um dos benefícios, pois com um dia que pode ser utilizado para a realização de exames, para sanar pendências pessoais e descansar, os trabalhadores tendem a ter menos períodos de ausência durante sua semana de trabalho. Além disso, podem até se dedicar mais aos estudos e ao aprendizado contínuo.
O impacto positivo também pode estar relacionado à atração e retenção de talentos nas empresas, uma vez que em muitos setores a mão de obra qualificada é escassa, é mais provável que os talentos busquem lugares de trabalho mais flexíveis.
E no panorama do Brasil?
Nas empresas brasileiras já existe a discussão sobre o tema, mas aparentemente muitas ainda aguardam os resultados nas organizações estrangeiras para adaptar para a realidade do Brasil. Ainda não há uma legislação específica para a modalidade, portanto também existe a preocupação tanto dos empregadores quanto dos empregados nos impactos salariais da nova jornada.
No entanto, startups que já adotaram o modelo no Brasil como a Zee.Dog, Crawly, Winnin e Shoot parecem muito satisfeitas com o novo formato. Luciano Braga, sócio-proprietário da Shoot, escreveu em sua página do LinkedIn: “Somos remotos e assíncronos há um bom tempo, e depois que vimos que os quatro dias de trabalho faziam as pessoas mais felizes em TODOS os aspectos e ainda aumentava (ou mantinha a mesma) produtividade, não tinha porque não se jogar de cabeça. Vamos estender o final de semana para termos ainda mais saúde e felicidade”, afirmou.
E você? Gostaria de trabalhar apenas quatro dias na semana? Deixe seu comentário.
