Estamos vivendo um momento de muitas transformações. A pandemia acelerou mudanças que estavam previstas para acontecer ao longo de uma década. Toda a adaptação teve que ser feita em tempo recorde, com muitos desafios, mas muitas melhorias também.
Especialistas em estudar o futuro, os chamados futuristas profissionais, apontam que até 2025 o mundo está vivendo um recomeço. As pessoas estão repensando a forma de se alimentar, consumir, reciclar. A preocupação com a saúde, espiritualidade, bem-estar vem ganhando cada vez mais importância e isso se deve bastante aos novos modelos de trabalho vivenciados nos últimos anos.
Quando quase toda a população teve que ficar em casa, ajustando suas rotinas familiares com a do trabalho, muitas vezes com cargas horárias ainda maiores que estavam acostumados, porém com outras responsabilidades como cuidar dos filhos que também estavam em casa, fazer suas refeições, limpezas domésticas, falta de lazer e convivência social, a atenção se voltou a saúde mental. Os números de pessoas com depressão, ansiedade e problemas psicológicos aumentou drasticamente.
Este fato, chamou a atenção das empresas, principalmente de departamentos de Recursos Humanos, pois não basta o trabalho estar sendo feito, mas os colaboradores ficarem doentes, precisarem ser afastados, a produtividade e qualidade caírem. Foi inevitável tomar ações imediatas para garantir a sanidade mental e satisfação dessas pessoas.
E essa perspectiva mostra uma mudança que já se tornou permanente, a de uma liderança mais humanizada, que pensa no indivíduo e suas particularidades. A flexibilidade está sendo a palavra da vez quando se trata de gestão de pessoas. A escolha do horário de trabalho, o momento mais produtivo do funcionário, o gerenciamento feito pela confiança e autonomia, estão em destaque no mundo corporativo.
Segundo o relatório da Microsoft “Great Expectations: Making Hybrid Work”, o futuro do trabalho é assíncrono, que é preciso ajustar sua agenda de acordo com as necessidades e compromissos dos colaboradores e manter os momentos ativos mais proveitosos.
Essas discussões estão fazendo muitas organizações pensarem sobre a semana de trabalho de quatro dias. Países como Finlândia, Bélgica e Japão e Inglaterra já estão testando o modelo com um dia de folga na semana sem nenhum prejuízo na produtividade, pelo contrário, os colaboradores demonstram mais vontade de trabalhar e por consequência mais resultados. Startups brasileiras também já estão aderindo ao modelo, como a Zee Dog e Winnin, e que mostraram ganho na produtividade, mais objetividade em reuniões e melhora na autogestão. Alguns colaboradores também passaram a administrar melhor as prioridades e foco nas demandas e um comprometimento maior.
Essas novas configurações impactam nas ações para atração e retenção de talentos. Uma vez que foi considerado o fato de muitos trabalhadores terem requirido suas demissões na volta do presencial, como na Grande Demissão dos Estados Unidos e até mesmo nos primeiros meses do ano no Brasil. Pensando nisso, as ações de RH devem estar voltadas para a satisfação dos funcionários.
Muitos líderes e até mesmo colaboradores veem como fundamental alguns momentos presenciais nas empresas, isso se deve pela interação entre equipes, colaboração de trabalho, união e troca de ideias, cuidado com a cultura organizacional. Mas para isso é fundamental que o deslocamento aos escritórios valha a pena. Além disso, também existe a preocupação das empresas em manter o home office um ambiente agradável, para isso é preciso dar condições físicas para que isso aconteça, como o fornecimento de móveis e tecnologias que favoreçam o trabalho remoto.
A questão da tecnologia e segurança de dados é outra situação fundamental para que os colaboradores tenham confiança na empresa e tenham condições para realizar o trabalho. O avanço da inovação tecnológica precisa estar alinhada com essa tendência de humanização. O uso da tecnologia, não deve enfraquecer os laços entre as pessoas, pelo contrário, é preciso encontrar novos meios para as relações se fortalecerem.
Os líderes precisam ressignificar as relações com as equipes e criar novas formas de gestão. A produtividade não pode ser mais avaliada pelo número de horas trabalhadas e marcação de ponto. O modelo anywhere office tem o acompanhamento por KPIs, e a liderança do futuro deverá encontrar uma maneira de manter a equipe engajada e motivada com entrega de resultados.
Isso impacta também na forma de contratação de profissionais. As barreiras regionais foram quebradas a partir do novo modelo de teletrabalho. O anywhere office permite a contratação de pessoas de outros estados e até nacionalidades, o que também demonstra cada vez mais a importância de dominar outros idiomas e se adequar a globalização do mundo do trabalho.
Todas essas transformações trazem grandes oportunidades de capacitações, de melhorias das relações e qualidade de vida. Contudo, para haver melhorias, é preciso estar com o olhar aguçado para o futuro e colocar em prática as competências exigidas para esse novo mundo em que estamos inseridos.
A reflexão que fica é: quais atitudes você está tomando para se adequar ao novo cenário?