Levantar da cadeira e poder ver todo o time trabalhando, se relacionando, produzindo, poderia até dar uma sensação de tranquilidade e de controle para os líderes. Mas a realidade não é mais essa. Com tantas empresas adotando o trabalho em casa ou híbrido, essa percepção não é a mesma.
Esse novo modelo de trabalho apresenta vantagens e desvantagens. Grande parte dos colaboradores dizem preferir os novos modelos. Segundo a pesquisa feita pela Fundação Dom Cabral mostrou que 58% dos 1000 entrevistados sentiram que estão mais produtivos trabalhando de casa.
Uma das principais vantagens apresentadas é a melhora da qualidade de vida do profissional, e isso impacta diretamente em sua produtividade e satisfação em trabalhar. O contato com a família, os horários flexíveis que permitem que ele escolha seu momento mais produtivo, a saúde mental e o próprio engajamento com a empresa são positivos. Já no ponto de vista da liderança também tem a redução de custos e a diminuição de absenteísmo.
Mas como tudo tem o outro lado, também tem os pontos negativos como dificuldade de comunicação, dependência de tecnologia, menos controle sobre o que o funcionário está fazendo. De qualquer forma, essas questões podem ser contornadas.
Pensando assim, algumas atitudes do líder atual mudaram, pois precisaram de adaptações para que os novos modelos não trouxessem prejuízos. Mas então como fazer uma boa liderança no trabalho híbrido?
Antes de mais nada é preciso estar com a mentalidade aberta, aquele famoso “mudar o mindset”. Não é possível trocar o modelo e continuar cobrando da mesma forma. Contudo, o que deve ser mantido é o propósito. As formas de se trabalhar podem mudar, entretanto, a cultura, a missão, os valores permanecem. E precisam estar ainda mais claros quando não se tem a equipe presencialmente em período integral. Isso norteará todos os envolvidos.
Essa comunicação clara dos objetivos precisa acontecer ainda mais fortemente. Inclusive, a comunicação – que pode ser vista como desvantagem no trabalho remoto – é um ponto crucial para fazer uma boa liderança.
Pelo fato das pessoas estarem distantes, os incentivos com reuniões, ferramentas de comunicação on-line, documentos em nuvem, precisam estar em voga na nova liderança. A tecnologia é fundamental para isso acontecer, mas somente ela não resolve nada. Os gestores precisam dar suporte para que todos tenham acesso a uma boa internet e ferramentas digitais – e saibam usá-las. Além disso, devem criar rotinas de reuniões, incentivar as câmeras abertas, a troca de ideias, o momento de fala e até mesmo de descontração com o intuito de unir as equipes.
A atenção à comunicação permitirá o estímulo à confiança entre os membros da equipe e seus líderes, evitará conflitos, aumentará o engajamento e todos se sentirão mais seguros. Quando existem altos índices de confiança e de segurança psicológica dentre os membros dos times, a produtividade deles tende a ser 40% maior, segundo uma pesquisa do Google. Por isso, quando há mais liberdade de atuação, autonomia – que o próprio trabalho híbrido proporciona – é possível ter um retorno bastante positivo. Isso vai depender muito de como a gestão será feita.
Feedbacks constantes, abertura para sugestões e até mesmo reclamações, transparência, metas claras, análises de desempenho e oportunidades de treinamentos e mentorias englobam as ações de comunicação que farão a diferença em uma liderança bem-sucedida.
Juntamente a isso, um ponto a destacar no novo modelo de trabalho é a gestão do tempo. Os líderes devem organizar os horários de acordo com o negócio e as funções, mas todos os profissionais têm horários e prazos a cumprir. Um follow-up diário é recomendado, assim como algumas ferramentas de controle de tempo de trabalho também. Cada empresa precisa escolher a que mais atende suas necessidades.
Inclusive essa peculiaridade de cada necessidade não cabe somente para a empresa, mas está relacionada diretamente com a personalização da gestão para cada indivíduo. O trabalho remoto comprova a identificação de cada colaborador como único. São diferentes dinâmicas familiares, locais de trabalho, jeitos de se trabalhar, horários de maior produtividade, e como o novo modelo isso fica ainda mais em evidência.
Talvez essa seja a maior mudança para os líderes, essa gestão do indivíduo com suas peculiaridades e a necessidade de aproximação de pessoa para pessoa. Por mais que a distância física esteja maior, aparentemente a conexão aumentou e isso, sim, pode ser a grande transformação.
Quais desafios você vem enfrentando com a liderança no trabalho remoto ou híbrido? Deixe sua reflexão nos comentários.
Muito bom material. Desafortunadamente, tenho testemunhado gestores sem este mindset que seguem cobrando a tarefa em vez do resultado.